Saudades...

segunda-feira, 14 de junho de 2010
Olha hora...
Tá tarde, vai dormir...
Mas quem disse que ela consegue
Pensa em tudo, na facul, no trabalho na familia.
Há familia,
Que hoje é tudo pra ela, mas que não está completa.
Menina que sente falta do carinho e do pai
Pai super heroi, que foi embora cedo demais
Tão cedo que ela não consegui esconder as lágrimas quando fala o nome dele.
Pai amigo, herói, conselheiro, engraçado, experiente...
Parece que foi ontem que ela disse...
"Boa viagem papai, volta logo, te amo..."
E está foi a ultima vez que ela o viu com vida...
Ele de camiseta branca e calça jeans, aquele jeito simples para ir trabalhar.
Ela acordando só para se despedir...
Se ela soubesse de tudo que ia acontecer não o deixaria ir...
Teria ficado abraçada com ele pra sempre...
E ele foi... Com a vida corrida ela nem pode ir até o aeroporto.
Tinha que ir trabalhar para pagar a faculdade, pois o pai se orgulhava disso.
O pai chega ao seu destino, não estava muito bem, mas achava que era pela mudança de clima ou pela primeira viagem de avião.
Mal eles sabiam...
Ela fala no celular com o pai, chora muito e diz que está com medo, mas o pai como homem forte que sempre foi diz que está bem e que logo logo volta pra casa...
Doce ilusão...
A menina mulher sentia no fundo do peito que isso não ia acontecer, mas com a esperança que o pai lhe dava ela acredita, tinha que acreditar.
Dois dias se passaram o pai está com febre, longe de casa, acham que é dengue, mas não era.
Ele continua teimando que é só um mal estar que vai passar, doce engano.
No dia seguinte acorda pior, mas não quer demostrar aos outros, o pai diz a irmã dele que está viagem era sem volta, nisso ele tinha razão...
Três dias se passaram o irmão o leva para o hospital, chagando lá sua pressão vai a 4, mas como para um homem hipertenso?
Plaquetas baixas, anemia, varizes, tudo isso já sabiamos, o que não sabiamos era o quanto isso era grave.
É internado na UTI, ela fica sem chão, não sabe o que fazer, o pai está longe, como vou fazer, ela tem que trabalhar, estudar cuidar da casa para mãe cuidar do pai que ela tanto ama.
Dia 19 de maio de 2009, o pai fala com ela, mas não parece o mesmo.
Dia 20 de maio de 2009, o pai é internado com suspeita de dengue hemorragica.
Dia 21 de maio de 2009, o pai tem delirios de infância...É transferido o hospital de uma cidade próxima que tem estrutura para o caso.
Dia 22 de maio de 2009, a mãe embarca para cuidar do pai.
Dia 23 de maio de 2009, o pai entra em coma, os médicos não tem esperança, dizem que só Deus pode ajudar.
Dia 24 de maio de 2009, ela está desesperada, mas continua em seus trabalhos sociais, felizmente a mãe liga e diz que o pai saiu do coma e que falou com ele.
Dia 25 de maio de 2009, o pai comemora seus 56 anos no hospital, chora e diz que queria estar em casa, diz que está bem e que não sabe porque ainda está no hospital.
Dia 26 de maio de 2009, seu quadro é estável e faz hemodiálise.
Dia 27 de maio de 2009, o pai continua bem, mas insiste em tirar os aparelhos do corpo, diz para o irmão dele que a única coisa que sente falta é das filhas.
Dia 28 de maio de 2009, o pai entra em coma novamente, mas a mãe não perdi as esperanças e passa isso para as filhas.
Dia 29 de maio de 2009, ela não sabe o que fazer, chora muito no trabalho, não tem vontade de trabalhar.
Dia 30 de maio de 2009, ela fica o dia todo em casa a irmã sai e ela não tem vontade, mas acaba aceitando o convite do amigo para ir na festa de sua filha. Ela ri se diverti a noite, mas ainda sente seu coração muito apertado. Manda uma mensagem para mãe as 22:30 e diz que ama os dois e que acredita muito em Deus e que logo logo os quatro estariam juntos.
Madrugada do dia 30 para o dia 31 de maio de 2009, ela não lembra o que fez entre as 3:30 as 07:30, ela acha que dormiu ou que Deus fez com que ela não sentisse a dor.
Dia 31 de maio de 2009 as 04:30 o pai vem a falecer. No obito vem escrito: motivo da morte: Choque septico. O que é isso? Uma bacteria que dá no sangue que baixa a pressão sanguinia até parar o coração. No mesmo dia 07:30 ela recebe a ligação da vizinha e já sabia o que ela ia dizer.
Ela está desesperada, não sabe o que fazer, quer se matar, quebrar tudo, duvida de Deus, fica com raiva dele...
Vai para casa desolada, duas amigas levam até o ponto, elas querem leva-la até em casa, mas ela diz que não precisa, na verdade o que ela queria era se jogar de baixo de um onibus.
Passa mal dentro do onibus, a prima e o cunhado vão busca-la, ela chora muito.
Chega em casa e não tem coragem de entrar, mas tem que entrar, tem que ver a irmã.
A casa está cheia de familiares, ela abraça a irmã desesperada dizendo que não é justo que queria que isso só fosse um sonho ruim, elas ficam abraças, todos choram na casa, todos que estão ali amavam o homem que ela chamava de heroi.
Ela toma banho, mas não consegue parar de chorar, arruma as malas para viajar, afinal seu pai estava na cidade onde nasceu, para visitar o avô que estava muito doente.
Liga para a mãe, ela tenta não chorar, mas a mãe começa a pedir desculpas como se a culpa fosse dela...
ela e a irmã viajam, ela tenta dormir no voo, mas não consegue, pois a irmã está com medo pela primeira vez que viaja de avião, e agora é seu dever proteje-la.
Chegam ao aeroporto de Juazeiro do Norte as 02:30 do dia 01 de junho de 2009, o corpo do pai está sendo velado na cidade onde ele nasceu, seu primo espera e as levam de carro, aproximadamente duas horas de meia de viagem.
Ela chega e já ve o caixão, bate um desespero, ela ainda achava que poderia ser um sonho, abraça a mãe e o tio que acompanhou tudo.
Chega perto do caixão, mal pode acreditar, é o seu heroi que está ali deitado, o homem forte que lutou a vida inteira para criar as duas filhas, estava ali, deitado, gelado...
Ela não pode acreditar, ela não queria.
O tio pergunta se querem que abra o caixão elas dizem que sim , pois queriam fazer o gesto que mais lebrava o pai, o beijo na testa em todos os momentos.
Ela disse para o corpo do pai varias vezes que o amava, mas sentia que deveria ter falado muito mais quando ele estava ali ao seu lado.
O pai foi enterrado, ela fez um discurso, mas acha que isso é pouco.
Passou um ano, mas ela ainda senti ele presente em todos os momentos seja na alegria ou na tristeza.
Ela tem medo de perder de novo, de sentir a mesma dor e de perder mais um pedaço do coração.
Ela não se entrega, mas chora e chora muito quando se lembra do grande pai que tem, pois ele ainda está vivo em seu coração.
Pai heroi...
Mãe forte batalhadora...
Irmã que mesmo com brigas é a companheira...
Ela os ama muito e quer proteger a todo custo, quer perto, quer amar...
Coração de pedra? É o que ela senti, pois não quer se entregar a nada para não sofrer...

Papai o senhor é meu heroi...
Mamãe, hoje a senhora é o que me faz continuar viva, o amor que sinto por você é o que me move.
Irmã, você é imensamente importante pra mim...

Amigos, valorizem suas familias, ame-os como se não houvesse amanhã.

Amo todos vocês, mas principalmente a minha familia.

Um ano de saudades.

Natália Oliveira

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